sexta-feira, 16 de maio de 2014


I.
“Por viver muitos anos dentro do mato
moda ave
O menino pegou um olhar de pássaro –
Contraiu visão Fontana.
Por forma que ele enxergava as coisas
por igual
como pássaros enxergam.
As coisas todas  inonimadas.



Água  não era ainda a palavra água.
Pedra não era ainda a palavra pedra.
E tal.
As palavras eram livres de gramáticas e
podiam ficar em qualquer posição.
Por forma que o menino podia inaugurar.



Podia dar às pedras costumes de flor.
Podia dar ao canto formato de sol.
E, se quisesse caber em uma abelha, era
só abrir a palavra abelha e entrar dentro
dela.

Como se fosse infância da língua."

Manoel de Barros. Poemas Rupestres. Canção do Ver.
Manoel de Barros.
Imagens: Internet.

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